O corpo não é só o que você vê
A propaganda autocrática e irreal de amar o que você vê no espelho de uma forma infalível e plena esconde uma outra armadilha mais sutil: a monocracia dos olhos.
A sociedade do espetáculo que gera uma sociedade iconofágica em que impera o que é visto, em que se devora e que somos devorados pelos olhos, nos torna viciados em reconhecer e ser reconhecido apenas pelo sentido da visão (Norval Baitello)
Mas somos muito mais do que vemos.
O corpo não é só o que você mostra ou vê. O corpo continua depois que as luzes do espetáculo se apagam.
O corpo também é o que você sente, o que experimenta, o que pensa, o que ouve.
Tudo que percebemos acontece através do corpo.
O corpo é arrepio, suspiro, calafrio.
O corpo é borboleta no estômago e frio que sobe pela espinha.
O corpo é o coração acelerado, a respiração ofegante, o peito pesado.
O corpo é a decepção que chega como um soco no estômago.
O corpo é gargalhada e é choro.
O corpo é o receptáculo e condutor de todas nossas experiências.
E quando você se reduz ao que o espelho reflete, o que isso reflete sobre toda a dimensão de corpo que você não vê?
Créditos da imagem
Foto de Gabriella Ally: https://www.pexels.com/pt-br/foto/escala-de-cinza-tons-de-cinza-espelho-monocromatico-14020040/
תגובות