A terapia acorda lugares adormecidos
Atualizado: 2 de ago. de 2023
A terapia acorda lugares adormecidos. Então ela dói. Uma coisa alimenta a outra: A dor nos sensibiliza. A sensibilidade nos dói. E sensibilizar-se é estar mais verdadeiramente vivo também para captar as sutilezas do prazer.
Caetano dizia que cada um sabe a dor e delícia de ser o que é: mas isto não quer dizer que saibamos dizer onde uma coisa acaba e a outra termina; dor e prazer se atravessam e se fundem. Avivar-se é deliciosamente dolorido ou dolorosamente delicioso. Doer-se é caminho para avivar-se.
Às vezes parece insuportável, nos sentimos demasiadamente vivos. Daí gente descobre que consegue suportar mais um pouquinho. Entramos no mar salgado de lágrimas parte por parte. Primeiro mergulham-se os pés. Descobre-se que o que salga também energiza; que o choro também limpa.
Não precisamos ir de cabeça, mas encaramos o risco iminente de sermos engolidos por uma onda maior do que esperávamos a qualquer momento. A verdade é que nos apavoramos infinitas vezes mais do que de fato nos afogamos. Lembramos que isso é apenas ansiedade antecipatória.
A terapia é mergulho, mas também precisa ser um colete salva-vidas que nos lembra: “tudo bem; volte pra superfície, presentifica, tome ar, uma braçada de cada vez; a orla está logo ali; você está aprendendo a nadar; quando se sentir novamente seguro, torne a(o)- mar”
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